Capítulo
8
Val voltou a posição ereta que ela estava antes. Depois de
alguns minutos, o pajé a pegou pela mão e a levou até
o centro da roda, onde todos pararam de dançar. Os tambores tomaram
um ritmo diferente. Com algumas batidas fortes.Quando todos os tambores
bateram fortes juntos. Os índios se ajoelharam. Val jogou
as peles no chão. Kyle quase caiu da cadeira ao ver que ela vestia
menos do que as índias. Apenas uma tira de pele em frente e atrás,
seus cabelos e o cocar escondiam seus seios.
Nenhum índio ou índia se atreveu a olhar para ela. Era proibido.
Somente quando a deusa queria eles podiam a olhar.
Val bateu o pé, significando que podiam se levantar. Eles se levantaram,
ao bater novamente o pé significava que a podiam olhar. Os tambores
começaram a tocar uma música cadenciada. Val começou
a dançar. Kyle não conseguia tirar os olhos dela. Val dançava
de acordo com a cedência dos tambores, mexia os quadris.
Depois ela escolheu um índio para dançar. Era o mesmo que
ela sorriu mais. Kyle se espantou com a dança. Eles dançavam
bem juntos, mas o índio não podia tocar nela. A dança
era bem erótica.
Depois com um gesto, Val o afastou e chamou Kyle. As índias o foram
buscar. Val começou a dançar para ele
- porque ele não encostou em você?
� ele perguntava enquanto ela fazia voltas ao redor dele
- porque se ele o fizesse, era condenado a morte.
Ninguém pode me tocar ao menos que seja o meu marido, ou que eu
queira
Val continuou dançando e Kyle sabia que ele não podia encostar
nela. Até que quando Val dançava de costas para ele, ela
pegou as mãos dele e as colocou em sua cintura. Ele tremeu, ela
sorriu e continuou dançando. ela segurava as mãos dele, em
sua cintura, quando a dança estava no fim, ela deu um passo para
trás, encostando seu corpo no dele. Ela sentiu que ele se afastou
um pouco. Quando parou o último tambor. Val se livrou dele, o olhou
e deu um beijo em Kyle, suavemente em seus lábios.
Depois disso as índias vieram correndo e colocaram a pele por cima
dela e a máscara. Kyle ficou parado onde estava, algumas índias
o levaram de volta. Val já estava na cadeira e explicou o que aconteceu
para ele.
A dança dava ao guerreiro virilidade. E o guerreiro que ela tinha
escolhido tinha sido seu melhor amigo. Foi ele que ensinou a ela atirar
de arco e flecha, as manhas da caça..
- Por isso que você sempre se saía
bem em perseguições na mata! � Kyle exclamou � mas dançando
comigo você estava indicando que eu não sou viril?
- Não, pelo contrário. Quando eu
te deixei me tocar, eu quis dizer que você era o mais viril daqui
� disse ela sorrindo
- Tamandacará!! Psaiu!! � uma índia
apareceu correndo e se jogou aos pés de Val.
- O que ela disse?
- Que temos visitas. Estrangeiros.
Alguns índios, correram até Val e se posicionaram na frente
de Val, como a protegê-la. O mesmo que ela tinha dançado,
a pegou pela mão e a levou até uma das cabanas. Val mandou
que buscasse Kyle. O guerreiro não queria, Val o olhou e disse
que era uma ordem. Ele pegou Kyle.
- o que houve? Porque estamos aqui?
- Porque temos que ficar protegidos. Eu não
posso me machucar. Eles irão tomar conta de nós.
- Tamandacará! Estanimu kaesui tsanemo
katui!! � o índio disse
- desatika!!! Desatika! Retali setani kaoku psaranity!!!
- O que você disse pra ele?
- os estrangeiros disseram que nos conhecem.
Falei para que não os tocassem ou eu ficava brava com eles. Eles
acreditam que se eu me irar com eles, a aldeia perecerá. Venha �
Val fez um sinal para que Kyle a acompanhasse
Celly estava preocupada. Ela estava esperando por Val há quase uma
hora e ela não aparecera. Ela nunca se atrasava para visitar seus
pais. Brendan notou a preocupação da amiga.
- O que houve?
- Ela nunca se atrasa para vir aqui. Tem algo
errado
- Calma, vai ver ela está mostrando a
paisagem para o Kyle � ele disse malicioso
- não. Não hoje. É o aniversário
do pai dela, ela sempre está aqui, ela iria deixar o passeio para
outro dia.
- não tem idéia da onde ela esteja?
- Tenho. Mas é perigoso irmos lá
sem ela.
- Porque?
- Porque ela é a única que pode
entrar lá e sair em segurança!!!
- Onde?
- Na terra dos índios. Ela é a
única que eles permitem. E se ela levou Kyle com ela, ela pode ter
tido problemas.
- quais tipos?
- eles poderiam se revoltar com ela e a fazer
de cativa. Ela não levou a arma, eles são muitos ... � Celly
passou a mão no cabelo � vamos até lá.
Celly pegou o carro e foi até o rio. Ela não achou o bote,
agora tinha certeza que Val ainda estava lá. Por sorte, sempre tinha
um bote sobressalente, para no caso de ter algum problema com o bote normal.
Não era tão bom quanto o outro, mas boiava, era o importante.
Celly colocou Brendan para remar. Ao passarem pelo carvalho, Celly percebeu
que Val estivera ali. Ela sempre deixava frutas com mel para o espírito
do carvalho e os esquilos estavam comendo.
Com algum esforço, conseguiram chegar à terra dos índios.
Uma índia os avistou e saiu correndo. Eles desceram do bote. E logo
depois uma tropa de índios armados apareceu. Celly mostrou a arma.
O Cacique se aproximou deles.
- Sair daqui. Matar você � ele disse ríspido
- Val!! quero Val!!
- Olhos de prata não estar aqui!
- sim, ela está. Olhe o bote dela ali!!!
Somos amigos!!! Ela nos conhece!
O Cacique a olhou. Depois fez um sinal para um dos índios e disse
algo para ele. O índio saiu correndo e instantes depois voltou.
Falou algo para o chefe da tribo, que balançou a cabeça.
- vem. Olhos de prata diz que poder vir
Celly sorriu. Sabia que Val estava lá. Só restava uma dúvida.
Porque ela não aparecera na margem? O cacique as levou até
o centro da aldeia, onde tinham dois tronos. Celly olhou para Brendan sem
entender. Instantes depois aparece Val, com uma máscara e vestida
como índia, toda coberta por peles. Logo atrás, veio Kyle,
também vestido de índio.
Brendan começou a rir, era estranho ver o amigo em trajes sumários.
Celly não conseguiu tirar os olhos de Kyle e depois olhou para Val.
- Mas que diabos? Porque você está
assim? � pergunta Celly
- você vai adorar. Agora sou uma deusa
indígena, não é o máximo?
- legal, mas e seu pai? Esquecesse dele?
- Nunca!!! Eu apenas ia mais tarde. � Val disse
se levantando e tirando a máscara � eu tinha algo a fazer aqui antes
� depois jogou as peles no chão � e eu vou ainda no cemitério.
Agora!
Val disse algumas palavras e os índios soltaram Celly e Brendan.
Brendan ficou olhando fixamente para Val. quando ele se aproximou para
falar com ela, os índios se interpuseram. Kyle contou o motivo.
Brendan riu.
Val os levou até o cemitério indígena, seguida pelos
índios.
Parou em frente a um túmulo com uma grande pedra. Ela arrancou um
dos seus colares e o colocou ali. Era sinal de que ela admirava quem estava
ali. Era o grande chefe, aquele mesmo de 150 anos atrás. Era como
um reconhecimento. Depois ela chegou em um túmulo com uma pequena
pedra. Ela deixou um colar e tirou uma pena de seu cocar e a fincou na
terra. Significava que ela gostava de quem estava ali. Era uma índia,
tinha sido como sua melhor amiga e morreu por um erro. Um dos índios
errou o alvo e a acertou.
Val não estava presente quando ela morreu, ela ficou sabendo assim
que colocou os pés na aldeia. A mãe da índia veio
dizer que ela tinha morrido. O índio que a matou fugiu, pois ele
tinha culpa, ele sabia que podia atingí-la mas queria pegar uma
caça. Val ficou três dias o caçando e quando o encontrou,
levou até a mãe da garota e ao cacique, para que dessem a
sentença. O índio foi morto, mas não foi Val que matou.
Ela era muito jovem ainda para matar alguém, tinha 15 anos.
Val ainda caminhou e prestou homenagens em mais alguns túmulos.
Depois se virou, voltou a cabana, pegou suas roupas e foi tomar banho no
rio, para se limpar. Brendan quis ir junto, mas os índios os impediram.
Somente as mulheres podiam vê-la tomando banho.
Segundo a lenda, quem tomasse banho no mesmo momento em que a grande deusa
tomasse, ela seria fértil, por isso as índias foram tomar
banho com Val, até Celly entrou no embalo.
- Kisadito amaiteubá canaji unahisetu
tuburani catili sapekati!
Celly a olhou, perguntando o que ela falara. Val disse que apenas havia
dito que Celly era sua irmã e que agora por isso, ela era tida como
uma deusa também. Celly riu. Ela nunca estivera no meio dos índios,
tinha receio do que ia encontrar. Mas eles pareciam tão amigos,
pelo menos com ela. As índias brincavam com Val, jogando água
nela e Val mergulhava e as assustava, aparecendo atrás delas e jogando
água nelas também. Celly estava parada no meio do rio, quando
sentiu algo a puxando, ela foi pro fundo e quando voltou, viu que fora
Val, ela estava pedindo para que ela se divertisse também.
Por fim, tiveram que ir embora, Val colocou suas roupas normais e os índios
escoltaram a todos até o bote. Val se despediu deles e eles voltaram
para a estrada. Kyle contava tudo entusiasmado , mas não contou
da dança. Val não abriu a boca a viagem inteira. Celly sabia
que era porque eles estavam se aproximando do túmulo de seu pai.
Val saiu do carro, ela nem mancava mais, foram descobrir que era graças
a um ungüento do pajé. Foi até o túmulo de seu
pai e ficou lá por meia hora.
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